quarta-feira, julho 25, 2007

Feminilidade preservada

Publicado no site Paraná-Online
Redação O Estado do Paraná [25/07/2007]

Os seios podem ser considerados o símbolo máximo da feminilidade e requerem cuidados especiais que começam na adolescência, quando as mamas começam a se desenvolver e duram por toda a vida. Diversos estudos confirmam que, atualmente em nossa sociedade, as meninas estão iniciando mais cedo a vida sexual, o que reforça ainda mais a necessidade de se conscientizar sobre os cuidados com o corpo e a prevenção da saúde.

As fases da vida da mulher variam de acordo com a cultura da sociedade. No Brasil, define-se que a puberdade ocorre entre 13 e 18 anos de idade. A partir do momento que a menina menstrua, deve ser orientada a sempre fazer os exames das mamas diante do espelho para notar alterações na pele ou nos contornos das mamas, identificando retrações ou abaulamentos. “Além disso, ela deve levantar os braços para verificar áreas de repuxamento na pele e mamilos”, diz o ginecologista e obstetra Sérgio Cabelho.

Isso também pode ser feito durante o banho, quando a menina pode também perceber qualquer tipo de secreção nos mamilos. Um dado preocupante, segundo os médicos, é que apenas 20% das mulheres realizam o auto-exame dos seios. “Se a mulher menstrua, o auto-exame deve ser realizado no quinto dia do ciclo menstrual e, se ainda não menstruou, deverá se auto-examinar uma vez por mês”, ensina o especialista.

Mamografia

Outra fase importante para os cuidados com o seio é a amamentação. Nela, os seios apresentam mudanças, preparando-se para armazenar o leite que alimenta o bebê. O médico explica que os seios são formados por ductos e glândulas, que se comunicam para transportar o leite. O especialista ressalta que o ato de amamentar reduz significativamente a incidência de câncer de mama.

Durante a menopausa, a mulher deve ficar atenta aos exames de prevenção. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres. Em média, o número de casos novos esperados para o Brasil é de quase 50 mil, na proporção de 53 casos para cada 100 mil mulheres.

De acordo com especialistas, a importância deste número se agrava, visto que, em 65% dos casos, a detecção da doença se dá na sua fase mais avançada. Ainda assim, nem esses expressivos números e tampouco os esforços dos especialistas em divulgar a importância da prevenção e, principalmente, da realização regular da mamografia estão sendo efetivos na conscientização das brasileiras.

Qualquer suspeita deverá ser verificada. Se um dos exames anteriores for suspeito, será preciso efetuar uma biópsia para confirmar ou não o diagnóstico. Este exame consiste numa pequena cirurgia destinada a retirar um pedaço do nódulo suspeito, ou mesmo o nódulo inteiro, para que este seja analisado.

Prevenção em todas as idades

Na adolescência

A mulher precisa aprender a conhecer suas mamas, daí a necessidade de repetir o auto-exame a cada mês, após o período menstrual. A visita ao médico deve ser anual. É importante redobrar o cuidado se houver incidência da doença na família.

Na vida adulta

O auto-exame precisa ser mensal.

A primeira mamografia, que funciona como um mapeamento do seio, deve ser realizada nesta fase. 15% dos casos aparecem neste período da vida. Nesta faixa etária, quem tem casos na família deve prestar mais atenção aos sinais.

Na maturidade

Esse é o período de maior incidência. O auto-exame deve continuar mensal. Até os 50 anos, a mamografia ocorre a cada três anos; depois, deve ser repetida anualmente.

Sensibilidade

Caso haja necessidade de cirurgia para o tratamento do câncer de mama, esta pode ser conservadora, quando se retira apenas uma parte dela, ou radical, quando se retira toda a mama. De acordo com o médico Cícero de Andrade Urban, especialista em mastologia, o tipo de cirurgia varia de caso a caso. Ele lembra que até alguns anos atrás, a cirurgia que se fazia era mutilante.

A preocupação dos médicos era retirar o tumor da forma mais radical possível, já que essa era a única alternativa para tratar a doença.

Hoje, conforme o mastologista, os tratamentos cirúrgicos, clínicos e radioterápicos estão mais evoluídos. "Além disso, do ponto de vista cirúrgico nos preocupamos também com os aspectos estéticos e com a qualidade de vida da paciente", ressalta. O médico salienta que, na medida em que a conscientização sobre a necessidade de exames mais freqüentes possibilita a localização de lesões microscópicas, não se justifica a retirada da mama inteira. "Quando isso não é possível, indicamos a reconstrução da mama na mesma cirurgia", frisa.

A palavra-chave para o médico não é o tratar nem atender o paciente, mas sim cuidar. Ele entende que o médico deve ter muita sensibilidade para tratar as mulheres com câncer de mama, pois elas chegam inseguranças e amedrontadas pelo estigma da doença. "Por isso a preocupação com a humanização do atendimento, principalmente, em uma área tão delicada como essa", completa.

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