sexta-feira, julho 06, 2007

Essa é a nossa praia

Publicado no site Isto É Gente
24 de janeiro de 2000


Topless volta com naturalidade a Ipanema, mas sob repressão na Barra

A distância de 20 quilômetros entre o Posto 9, em Ipanema, zona sul do Rio, e a Barra da Tijuca, na zona oeste, é, na verdade, de 20 anos. Em 1980, a gaúcha Verônica Maieski quase foi linchada na praia de Ipanema por banhistas revoltados com o fato de ela estar praticando topless. A repressão contra essa prática chegou agora, quase duas décadas depois, à Barra da Tijuca. Enquanto os atuais freqüentadores de Ipanema convivem normalmente com banhistas de seios à mostra, a Polícia Militar decidiu impedir que a comerciante Rosimari Moura Costa, 34 anos, tomasse sol sem a parte de cima do biquíni, no domingo 16, na praia do Porto do Pinheiro. Ao tentar defender a mulher, o marido dela, Antônio Saraiva de Almeida, 62, foi agredido pelos policiais e levado preso, junto com Rosimari. Os dois prestaram depoimento na 16.ª Delegacia de Polícia e foram liberados.

A história de Verônica, 40 anos, aconteceu no chamado Verão da Abertura, em 1980. Ao tirar a parte de cima do biquíni, ela foi expulsa de Ipanema aos gritos de "Geni", a prostituta criada por Chico Buarque. Também Isabel Cristina Rosa Amorim, a Tininha, 41 anos, foi pioneira nas areias de Ipanema e enfrentou a fúria dos banhistas na época ao mostrar os seios. Chegaram a atirar-lhe latas de cerveja e areia. Hoje, no verão do ano 2000, o topless voltou a ganhar força na zona sul. É cada vez mais comum avistar mulheres circulando com seios livres. Gente como a secretária Fabiana Lima Moreira, 28 anos, que aproveitava a praia no sábado 15 sem o menor constrangimento. "Não vejo nada de anormal", dizia Fabiana. Ao lado dela, a estudante de Educação Física Bianca Rodrigues de Freitas, 23 anos, fazia coro. "Os cariocas ainda não estão muito acostumados com o topless, por isso só faço no fim da tarde, quando a praia está mais vazia."

Até o ressurgimento do topless no Rio, a estudante de Arquitetura Paula Moretti, 26, só tinha ido à praia com os seios à mostra uma vez. Ao saber da volta do modismo em Ipanema, ela criou coragem. "Sempre fui a favor. Não vejo nada de mais em mostrar uma das partes mais bonitas do corpo da mulher", afirmou. A assistente de fotografia Cristina Humberto, 35 anos, ficou sabendo da onda e decidiu experimentar. Ela mora em Barcelona e já fazia o topless na Europa, mas nunca tinha deixado os seios à mostra no Rio. "Tinha receio até saber que mais pessoas estavam tirando a parte de cima do biquíni", diz. Cristina só defende um local reservado para o nudismo. "É melhor por causa das crianças e dos mais velhos, que não estão acostumados com isso." É justamente o que deve acontecer.

Para recuperar as duas décadas de atraso, a Barra da Tijuca poderá sair na frente e se tornar um dos poucos pontos do País onde se permitirá o naturismo. Pelo menos, num de seus trechos. Depois da confusão de domingo, o secretário de Meio Ambiente do Rio, Maurício Lobo, se reuniu com o presidente da Associação de Naturistas, Pedro Ricardo de Assis, e decidiu criar uma área destinada ao nudismo na cidade. "Queremos fazer ali em frente à reserva da Barra", diz Assis. Segundo Maurício, a decisão sobre o local deverá sair até a próxima segunda-feira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro fazere topless na praia e acho absolutamente natural.Tenho 23 anos sou casada e meu marido aprova e até me estimula. Moro no Rio e frequento a Barra.